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A. Aprender com a crise pandémica e responder pelo país

O problema

A pandemia expôs a falta de profissionais no Serviço Nacional de Saúde, a pobreza entre tantos pensionistas, as respostas insuficientes e degradantes nos equipamentos sociais de apoio a idosos e dependentes, o alastrar dos vínculos precários e a prisão dos salários baixos. Esta é a forma da crise que vivemos em 2022: pobreza no emprego e nos salários e pensões,  desgaste dos nossos bens comuns, como o acesso a médico de família ou a qualidade dos serviços dos centros de saúde e hospitais, e a insuficiência das respostas do Estado no cuidado a quem mais precisa. 

PRR: Um instrumento importante, mas limitado

A resposta à crise pandémica através do Plano de Recuperação e Resiliência tardou. Meses de propaganda sobre a chamada bazuca europeia culminaram na apresentação de um plano de recuperação e resiliência mais restrito que o inicialmente anunciado, e sujeito a condicionalismos e contrapartidas. 

A dimensão do PRR, distribuído pelos anos em que poderá ser aplicado, representa menos de 1,3% do PIB português, distribuído a conta-gotas, acompanhados de “recomendações específicas” à política económica e social do país com as correspondentes pressões para que os Estados-Membros apliquem as mesmas.

As necessidades de investimento público nas áreas estruturantes do país não podem ficar dependentes de um único instrumento europeu de natureza extraordinária e sujeito a eventuais contrapartidas (as “recomendações específicas”). Os atrasos na execução do Ferrovia 2020, ou o subaproveitamento do equipamento de saúde por falta de profissionais no SNS, são apenas exemplos do quão limitado pode ser o impacto do PRR se não houver escolhas políticas mais claras sobre o futuro do investimento público.

Por outro lado, os  mecanismos de transparência e prestação de contas têm que ser reforçados para assegurar o escrutínio democrático da aplicação dos fundos. Na Região Autónoma dos Açores, por exemplo, o Governo deu razão ao Bloco ao anunciar a repetição do processo de candidatura às Agendas Mobilizadoras do PRR que se veio a provar pouco transparente na seleção das empresas beneficiárias.

Transportes, habitação, serviços públicos e combate à pobreza energética, devem ser as prioridades para o investimento público em Portugal. Só assim o país poderá responder aos efeitos da crise pandémica enquanto constrói uma economia mais sustentável e justa.

A solução

A recuperação do SNS, com a valorização dos seus profissionais, das suas carreiras e salários, associadas a um regime de exclusividade que combata a promiscuidade com o setor privado e garanta a dedicação ao SNS, é a primeira condição para se sair da pandemia com um país recuperado. Foi essa a proposta que o Bloco de Esquerda levou às negociações do Orçamento do Estado para 2022, e que o governo recusou. Este programa reafirma essa prioridade porque sem segurança na saúde a democracia vive diminuída.

O aumento do salário mínimo nacional (SMN) provou ser uma política acertada para o país, que foi compatível com a criação de emprego e a valorização dos rendimentos dos trabalhadores mais pobres. Mas para além do SMN coloca-se a necessidade de aumentar os salários médios praticados em Portugal. Porque os salários não sobem por decreto, é preciso alterar as leis laborais para  o contrato coletivo e o emprego, combater a condição precária e o abuso. Também as pensões devem ser valorizadas, para que não sejam um fator de pobreza, e devem ser corrigidas as injustiças que a direita introduziu ao penalizar duplamente a reforma antecipada de quem já trabalhou durante 40 anos.

O combate à pobreza é uma prioridade que não dispensa o aumento dos salários e melhores condições de trabalho, mas que requer uma resposta estrutural. O Bloco retoma a sua proposta para uma prestação social única, rejeitada pelo governo do PS no passado, que permitirá uniformizar, simplificar e alargar a proteção social atualmente existente, com a preocupação de combater também o estigma e o preconceito associado às atuais políticas. É tempo também de assegurar novas respostas públicas às necessidades sociais que o Estado insiste em ignorar ou entregar ao setor privado. O cuidado das pessoas em situação de fragilidade não se pode limitar ao SNS nem ficar dependente da solidariedade de familiares ou de respostas privadas inacessíveis. O Estado tem que alargar a sua rede de serviços públicos aos desafios atuais, e por isso propomos a criação de um Serviço Nacional de Cuidados.

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