A produção de conhecimento através da ciência, a sua disseminação e partilha são instrumentos essenciais para a luta contra o obscurantismo e a ignorância em geral, que põem em causa não só a compreensão e resolução das presentes emergências ambientais, sanitárias e sociais, mas também a maneira como perspetivamos e lidamos com potenciais desafios e crises futuras.
Assiste-se atualmente a uma rápida e preocupante erosão da confiança do público na evidência científica e a uma degradação sistémica da governança da ciência, frequentemente sem estratégias informadas e de difícil aplicação, sustentadas por um investimento público anémico e manifestamente insuficiente, optando frequentemente por preterir ciência fundamental por ciência aplicada de duvidosa qualidade centrada numa visão utilitarista da ciência como mero instrumento económico e assente na ideia simplista e redutora de que crescimento económico é sinónimo de qualidade de vida.
São assim urgentes políticas que revertam esta situação e que garantam a execução de objetivos definidos após reflexão profunda e discussão alargada, e que viabilizem e consolidem infraestruturas de investigação científica e a formação e manutenção de trabalhadores qualificados que dentro do sistema científico nacional promovam efetivamente a criação de conhecimento e inovação, a defesa dos valores imateriais da ciência e da cultura científica e, direta e indiretamente o aumento da prosperidade, saúde, segurança e bem estar de todos os cidadãos.